terça-feira, 16 de setembro de 2008

PASSAGEM






Um sonho. ;)
É, talvez, nestes veros que emborco a lucidez
e nos quais procuro elucidar-me
e crer eminentemente na vida.E creio.

Não espero que sais a gritar à vida
desejo apenas tua luz
na qual anoiteço
entardeço
na verdade.Talvez não seja a morte, mas a desilusão de uma vida.

Dispenso barreiras
encontro-me em disparada
ao alento
eterno, o qual tanto me desperta a atenção

Eis uma passsagem
que se faz egoísta e não pára
não cala nem clama
chora, pois, e não passe
apenas.
Diferentemente de um galho, que se torce e se faz resistente
torna ela (a vida) tua
e sê dela
assim como a bruma
assim como me encanto todo dia pelo amor ordinário
assim, naturalmente.
Cala-me aos beijos
tácitos, desses que não passam
como o teu
que não deve
apenas
passar pela vida .

PASSAGEM

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

INSUBSTITUÍVEL

Pensei fantasiar o amor
nem sequer me encarei
ocorreu-me ao viés
por paixão.
Não há, porém, algo que faça com que eu deseje mais ou menos um amor
desse que possuo
desse que não entendo
busquei eminentemente as cem razões do amor
e sinto que amo
porque preciso do amor
como também precisas em ti
e em teu sono.
A tristeza profunda
numa lacuna da penúria sentimental
é ouvir dos lábios amados
a substituição
a troca
a resolução de seu amor.
Ao amor que tive
e tenho
busco recusar-me a trocar
a resolver
a esquecer
de ti.

domingo, 20 de julho de 2008

MEUS OLHOS CONTRA OS OUTROS (DE OUTRORA)

Ao contrário das postagens anteriores, essa não estava prevista.Acho, porém, extremamente necessário relatar o que aconteceu comigo, e que com certeza acontece com todos nós, mas, ao encontrar-se frágil, você precisa de um olho no olho.
As ruas estão ali, submissas, os carros passam, dentro deles motoristas, os quais dão-se conta da figura externa, uma criatura, possivelmente de sua espécie e olham para a rua, submissa.Olhos pros olhos da rua, do carro, do carro mais caro e mais bonito ao seu lado.
Transfiguram uma velocidade disforme de um sistema em constante troca de valores...Marx dissertou sobre o fetichismo.E eu o vejo.Nada paga um olhar carinhoso, o qual te cativa... E é por isso que não generalizo e acredito nesse olhar, no qual um dia me afundei...Uma moça, de uns 20 anos, olhou-me fundo, indiferentemente do que sentia, ou do que pensava, foi bom.É bom acreditar nesse amor, nesse carinho...Uma desconhecida.


É claro que ninguém sai sorrindo por aí, porque por aí não basta, nem deve bastar. Mas olhos correm a paisagem e encontram os seus pares, inconfundíveis.Únicos. Relativamente mais baixos, maiores, fraternos, eternos, e apaixona-se pelos mesmos olhos de outrora.Os mesmos.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A COISA AMADA.



É tão triste ver
Em tuas palavras
Outrora refulgentes e belas
Melancolia.

Ver-te ao fim de si mesma
Ou mesmo ao de nós
Que em mim não existe.

Esquecer que um dia amou-se
Assim
Impessoal como esse verbo conjulgado
É o que parece sermos
Agora.

O que há, porém, de nunca se desvencilhar de mim
É a ternura
Com que o colo teu
Um dia me encostaste ao peito.

Parece-me, irreversivelmente, um fardo
Ter de escrever.
As mãos trêmulas, além dessas palavras
Não querem nada
Além de seus cabelos
E seus pernas
E seus desejos
Que eu sempre hei de desejar
De amar
Mesmo que…
Um dia seja apenas um poema
Um desses que fiz
E amei sozinho.

Mesmo que não haja mais.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O JOGO POLÍTICO





Domingo, pela manhã, estava assistindo a um jogo de futebol infantil, categoria sub-7, uma graça.Meu primo fazia parte de um time, o qual ele carregava nas costas e nos bicos de suas chuteiras.O meu pai gritava pra ele atacar, mas em contraposição à sua chamada, meu tio alertava-o sobre o atacante que avançava pelas suas costas, o vô do goleiro dava um show à parte, e acendia a chama do time inteiro.Percebi que meu primo até tentava seguir todas instruções, no entanto ,era impossível que ele as seguisse, pois deveria atacar e defender, marcar e fazer o gol.
Na hora em que o time dele estava atacando, passou um senhor com um jornal debaixo do braço, e na primeira página estava nosso presidente com a seguinte legenda : Presidente indeciso entre decisões de esquerda e direita.
Confesso que a machete causou-me estranheza, pois essas esquerdas e direitas andam tão confusas, que, para uma reportagem dessa vir à tona, algo de força maior deve ter exigido.Enfim, enxerguei o presidente dentro de campo, e as esquerdas e as direitas ao meu lado.
Assim como meu primo, o presidente não equaliza corretamente as idéias exteriores em seu jogo político, e acaba no meio-de-campo.Observando sua família, escutando as instruções e responde com uma careta e apontando para o placar, que aponta a vitória de seu time.Números…Números são tão superficias…

sexta-feira, 20 de junho de 2008

ANORMAL



Estava voltando pra casa, numa noite fria, dessas que refrigeraram a segunda semana de junho, e encontrei um amigo, o qual, ao ver-me, veio ao meu encontro.Abrecei-o, havia um tempo que não nos víamos.
Perguntei-lhe sobre o que fazia da vida, e segue aqui minha decepção:
- E ae, cara, tudo bem?
- Poxa, tudo ótimo e com você ?
- Ah, tudo bem também.E ae, como anda a vida ?
- Fazendo engenharia.
- Ah, e o resto ? Tudo bem…?
- Então, tá complicado, viu… O curso é meio barra, tem uma matéria de cálculos que veio pra segurar o pessoal.
Causou-me estranheza aquela obsessividade, no entanto, compreendi e concordei, pois a engenharia , agora, é sua vida.
- Entendi, mas, assim, o que vocÊ quer fazer dentro da engenharia ?
- Bom, eu tô fazendo pra ter um emprego legal, né ?! Porque, dependendo de onde eu arranjar um emprego, ganha uma grana boa…
- É verdade, mas, além disso… O que você quer fazer ?
- Como além disso ?
- Não sei… Maaas, nada além disso ?
- Nem, nem… sei lá.
Sei lá.Como nada além, como nada além dos cálculos e da efêmera efervescência da faculdade? Nem um amor, nem que o seja à mercê dessa vulgaridade que existe, mas que o seja, que haja, ao menos, uma chama que lhe fortaleça, que lhe instigue a viver a vida.Um sonho fantástico, uma estória mentirosa, uma piada sem graça…Andar com um grupo de gente, ao viés, trocando sorrisos e, aos passos tortos, rir-se, esnobar da vida.Sair da normalidade.
Sinto que nada disso pertence ao pragmatismo atual, ao hedonismo, à relação industrial…Sinto que sou anormal.