domingo, 20 de julho de 2008

MEUS OLHOS CONTRA OS OUTROS (DE OUTRORA)

Ao contrário das postagens anteriores, essa não estava prevista.Acho, porém, extremamente necessário relatar o que aconteceu comigo, e que com certeza acontece com todos nós, mas, ao encontrar-se frágil, você precisa de um olho no olho.
As ruas estão ali, submissas, os carros passam, dentro deles motoristas, os quais dão-se conta da figura externa, uma criatura, possivelmente de sua espécie e olham para a rua, submissa.Olhos pros olhos da rua, do carro, do carro mais caro e mais bonito ao seu lado.
Transfiguram uma velocidade disforme de um sistema em constante troca de valores...Marx dissertou sobre o fetichismo.E eu o vejo.Nada paga um olhar carinhoso, o qual te cativa... E é por isso que não generalizo e acredito nesse olhar, no qual um dia me afundei...Uma moça, de uns 20 anos, olhou-me fundo, indiferentemente do que sentia, ou do que pensava, foi bom.É bom acreditar nesse amor, nesse carinho...Uma desconhecida.


É claro que ninguém sai sorrindo por aí, porque por aí não basta, nem deve bastar. Mas olhos correm a paisagem e encontram os seus pares, inconfundíveis.Únicos. Relativamente mais baixos, maiores, fraternos, eternos, e apaixona-se pelos mesmos olhos de outrora.Os mesmos.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A COISA AMADA.



É tão triste ver
Em tuas palavras
Outrora refulgentes e belas
Melancolia.

Ver-te ao fim de si mesma
Ou mesmo ao de nós
Que em mim não existe.

Esquecer que um dia amou-se
Assim
Impessoal como esse verbo conjulgado
É o que parece sermos
Agora.

O que há, porém, de nunca se desvencilhar de mim
É a ternura
Com que o colo teu
Um dia me encostaste ao peito.

Parece-me, irreversivelmente, um fardo
Ter de escrever.
As mãos trêmulas, além dessas palavras
Não querem nada
Além de seus cabelos
E seus pernas
E seus desejos
Que eu sempre hei de desejar
De amar
Mesmo que…
Um dia seja apenas um poema
Um desses que fiz
E amei sozinho.

Mesmo que não haja mais.